Estudo busca obter preços de referência dos combustíveis convencionais para comparar ao preço de combustível de aviação sintético (QAV alternativo)

Publicado a 17 de Agosto de 2021

O Brasil é o maior consumidor de combustíveis de aviação da América Latina, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Vale destacar que o custo dos combustíveis aeronáuticos representam para a aviação o componente mais importante da despesa total das companhias aéreas e, por isso, é uma variável crítica(1).

Ainda assim, o combustível de aviação no Brasil é até 40% mais caro do que o preço médio internacional de querosene de aviação e compõe aproximadamente 30% da média dos custos totais das companhias aéreas (ABEAR, 2016 apud ROTH, 2018). Atualmente, os combustíveis especificados para uso em aeronaves no Brasil são: o querosene de aviação (QAV), a gasolina de aviação e o querosene de aviação alternativo (QAV alternativo), conforme regulado pelas Resoluções ANP n° 778/2019 e ANP n°5/2009.

Sobre os combustíveis de aviação no Brasil e seus custos, o Projeto Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos (ProQR), da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no âmbito da International Climate Initiative (IKI, em alemão), elaborou o estudo “Cost Analysis of Aviation Fuels in Brazil”, em cooperação com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Florian Roth, autor do estudo, é mestre em Gestão de Energias Renováveis pela Universidade de Ciências Aplicadas da cidade de Colônia na Alemanha, e foi consultor do Projeto ProQR entre 2017 e 2018. O objetivo central do estudo foi obter vários preços de referência dos combustíveis convencionais para poder comparar ao preço de um litro de combustível de aviação sintético (QAV alternativo).

Para fazer isso, o autor analisou o status quo da cadeia de valor do combustível convencional para aviação no Brasil e determinou o custo real de mercado de um litro de combustível para aviação vendido pelos distribuidores. Também foram considerados outros fatores de custo envolvidos no ciclo de vida da cadeia de valor do combustível.Dentre esses custos, Roth analisou o custo do transporte do combustível de aviação, sobretudo para regiões remotas, e o impacto dos impostos aplicados. O estudo concluiu que hoje, em locais remotos no Brasil, a estrutura fiscal e a distribuição envolvidas na chegada do combustível aos aeroportos resultam em um alto preço final. Regiões remotas do Amazonas ganharam destaque devido a desafios logísticos específicos na chegada do combustível de aviação. Muitas vezes o combustível de aviação chega nesses locais por meio de outros aviões.

A partir do delineamento das componentes de custos ao longo da cadeia de valor, e detectando influências no preço final para o distribuidor de combustível de aviação, o estudo contribui então no desafio de tornar a cadeia para o combustível de aviação sintético (QAV alternativo) mais competitiva no Brasil. Os resultados obtidos e recomendações elaboradas por Florian Roth contribuem para uma análise bottom-up, que leva em consideração os respectivos volumes e custos de armazenamento de QAV, seus impactos sociais e ambientais, assim como possíveis custos de projetos tecnológicos de combustíveis alternativos. Os resultados se mostram relevantes para futuras pesquisas e próximos passos em relação às políticas públicas de descarbonização do setor aéreo brasileiro e à evolução do projeto ProQR. O Projeto tem como objetivo principal viabilizar a construção de uma planta de produção de Sustainable Aviation Fuel no Brasil, seguindo uma proposta disruptiva de produção modular próxima ao local de consumo.

Para saber mais do tema, clique AQUI e acesse o estudo disponível em inglês. 

Florian Roth é um contribuinte para este artigo.

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