Com Energias Renováveis e aproveitamento de resíduos das indústrias, o Brasil se mostra em boa posição para produção de Combustíveis Sustentáveis

Publicado em 14 de setembro de 2021

Diante das mudanças climáticas observadas em todo o mundo, a necessidade de descarbonizar diversos setores da economia e reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) é urgente.

Nesse sentido, sobre a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) na aviação brasileira, em junho, em evento “Aviação Limpa para o Brasil” promovido pelo ProQR, o palestrante Pietro Mendes, parceiro do Projeto ProQR do Ministério de Minas e Energia (MME) reafirmou a importância do tema e sugeriu:

“Quando a gente olha o cenário de redução de emissões, fica muito claro que a gente precisa de Sustainable Aviation Fuel (SAF) para conseguir reduzir as emissões.”

De fato, a utilização de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF, sigla em inglês) é uma solução com potencial de reduzir significativamente as emissões do setor aéreo. Uma das formas de se produzir o SAF é por meio do processo denominado Power-to-Liquids (PtL), que utiliza energia elétrica renovável e gás de síntese (em inglês denominado também de Syngas) para a produção de combustíveis líquidos. O processo de Fischer-Tropsch (FT) é responsável pela conversão do gás de síntese em hidrocarbonetos, que podem ser denominados Eletrocombustíveis Renováveis (ECR). O gás de síntese é uma mistura de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2). Esse gás pode ser produzido por diferentes rotas, inclusive com a utilização de rejeitos industriais como matéria-prima.

Aproveitar emissões das indústrias para produção de Gás de Síntese e SAF

O estudo “Potencial de diferentes indústrias no Brasil para produzir gás de síntese”, parceria entre o projeto ProQR e a EPE (Empresa Brasileira de Pesquisa Energética), aborda o potencial de indústrias de produzirem o gás de síntese, por meio de seus resíduos e subprodutos de baixo valor. As indústrias analisadas foram indústrias de soja, cana-de-açúcar, biodiesel, arroz, milho, aço, cimento e celulose. O objetivo foi estimar o potencial anual de se produzir o gás de síntese e apontar quais indústrias e quais regiões do país com maior potencial.

Esses dados são importantes, porque ajudam a determinar quais locais são mais favoráveis para a construção de uma planta de produção de Sustainable Aviation Fuel (SAF).

As indústrias de soja, de milho e de cana-de-açúcar apresentaram o maior potencial de produção do gás de síntese. Pelo estudo, conclui-se que a região Centro-Oeste é a mais favorável para a instalação de uma planta produtora de ECR, seguida pela região Sudeste. Considerando o potencial de se produzir o gás de síntese por meio das indústrias listadas, seria possível produzir quase 200 milhões de toneladas de SAF por ano, o que reduziria significativamente as emissões de GEE se esse produto substituísse o querosene de aviação fóssil.

A transformação de resíduos industriais de baixo ou nenhum valor em produtos com alto valor agregado, como é o caso do SAF, é uma forma de gerenciar esses resíduos. Isso evita o seu desperdício, o seu depósito em local inapropriado e garante que possuam um destino mais vantajoso, o que pode trazer benefícios socioambientais e econômicos. O potencial de produzir o gás de síntese somado às condições favoráveis do Brasil em produzir energia elétrica renovável, as duas principais matérias-primas para a produção de ECR, coloca o país em vantagem na produção de combustíveis sintéticos de aviação sem impactos climáticos.

Lançamento de estudo sobre Syngas em Webinario em 21 de Setembro

Em evento virtual “Insumos para Produção de Combustíveis Sustentáveis – O Potencial de Syngas nas Indústrias Brasileiras”, o estudo elaborado em cooperação entre o Projeto ProQR e Empresa Brasileira de Pesquisa Energética (EPE) será lançado e os seus resultados serão debatidos com parceiros e interessados. Confere abaixo as informações sobre o evento.

Data: Terça-feira 21 de setembro 10h00 – 11h30 (GMT -03).

Local: MS Teams (após o evento a gravação será disponibilizada no YouTube da GIZ Brasil).

Idioma: Português, com tradução para o Inglês.

Palestrantes:

Acesse o estudo completo em inglês e português.

Acesse a gravação do Webinário em inglês e português.

Ruth Barbosa e Bárbara Correa contribuíram para este artigo.

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